terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Mulata é a noite


Como eu
a noite nasceu mulata
na escuridão da cubata
é pecado do subúrbio
Mulata
é distúrbio no musseque
e a lua é pé de moleque
que adoça a provocação

A noite
é como pano de chita
que foi esteira de rebita
deixou missanga no chão

Como eu
a noite é bronze maciço
liga de prata e feitiço
gosto de açúcar mascavo
A noite
é um travo de maboque
e a mulata é um retoque
na polpa da natureza
Mulata
é estrela de bairro pobre
é barro que imita o cobre
torneado de surpresa

Adelino Tavares da Silva

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