quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Outra noite





Outra noite


Outro sono

Como se eu sonhasse o sonho

De outro dono

Outro fumo, uma outra cinza

Outra manhã



Mordo a fruta

Outro é o sumo

Ando pela mesma casa

Com outro prumo

Outra sombra, outono

Chuva temporã



Será que já não vi

De modo impessoal

E em tempo diferente

Um dia estranhamente igual

Dias iguais

- Avareza de Deus

Passando indiferentes

Por estranhos olhos meus



Outros olhos

No teu rosto

Vou falar teu nome

E já teu nome é outro

Outra bruma

Sombra de outro sonho, alguém

Na manhã de junho

Outono, outubro, além

domingo, 14 de novembro de 2010

Angola



Não nasci do teu ventre

mas amei-te em cada Primavera

com a exuberância de semente...


...Não nasci do teu ventre

mas foi em ti que sepultei

as minhas saudades

e sofri as tempestades

de flor transplantada

prematuramente...


Não nasci do teu ventre

mas bebi o teu sortilégio

em noites de poesia

transparente...


Não nasci do teu ventre

mas foi à tua sombra

que fecundei rebentos novos

e alonguei os braços

para um destino transcendente...


Não serás terra do meu berço,

Mas és terra do meu ventre!



Amélia Veiga