sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Africano


Trago na alma, a sombra dos coqueiros
Nos olhos,trago a cinza das queimadas
Na boca, o improviso das rajadas
Nas mãos. o cazumbi dos feiticeiros.

Nos dedos,a expressão dos imbondeiros
Despidos como as almas maceradas...
Cinzentos como as nuvens carregadas...
Paradas como espectros traiçoeiros.

Trago aos ombros,o peso das jangadas
E das manhãs de cacimbo ainda ensonadas
E marcas de azagaias e torturas...

Trago no peito, uma fogueira ardente
Trago na alma, a alma desta gente...
Trago em meu coração, chamas escuras!

De Teresa Nolasco para Neves de Sousa
(1958)

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