sexta-feira, 16 de maio de 2008

Marasmo


Na barca desta dor
ando embarcada…

Senhora do navio,
da jornada,
e de quantos passaportes desejei,
só recebi no cais,
por lei da altura,
a bênção do desespero e da aventura!

Nossa Senhora da loucura
É quem me guia…

E em cada dia passado,
esperei sentada na proa,
um sinal da sua graça…

Pelas margens me acenaram
os portos da redenção…

Pelos cabelos da noite,
as sereias entoaram
gemendo, a sua canção,,,

Meus ouvidos, surdos foram…
A todos disse que não…
que nesta rota
de um dia,
é a Nossa Senhora da Loucura
que me guia…

Mas vai o tempo passando…
Nem sinal da sua mão…

Baloiça um vento perdido,
o meu navio esquecido,
Nem sombra do seu aceno!...

Ó Senhora da Loucura!
É tão triste o vento ameno…
Ó Senhora da Loucura
rogai pelo meu navio
se cansado se atormenta
nesta rota sem desvio…

Mandai-nos um temporal,
um rochedo,
uma desgraça,
qualquer coisa que desfaça
esta serena agonia…

Ó Senhora da Loucura,
rogai por mim,
que me afundo
neste mar de calmaria…
não foi por ele que parti,
sem saber de sul nem de norte,
quando apenas recebi
no cais,
e por lei da altura,
a bênção salgada e forte,
do desprezo e da aventura!...

Alda Lara

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