sábado, 17 de maio de 2008

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Trago os olhos naufragados

em poentes cor de sangue...

Trago os braços embrulhados

numa palma bela e dura

e nos lábios a secura

dos anseios retalhados...

Enrolada nos quadris

cobras mansas que não mordem

tecem serenos abraços...

E nas mãos, presas com fitas

azagaias de brinquedo

vão-se fazendo em pedaços...

Só nos olhos naufragados

estes poentes de sangue...

Só na carne rija e quente,

este desejo de vida!...

Donde venho, ninguém sabe

e nem eu sei...

Para onde vou diz a lei

tatuada no meu corpo...

E quando os pés abram sendas

e os braços se risquem cruzes,

quando nos olhos parados

que trazem naufragados

se entornarem novas luzes...

Ah! Quem souber,

há-de ver

que eu trago a lei

no meu corpo...


Alda Lara

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