No espelho não é eu, sou mim. Não conheço mim, mas sei quem é eu, sei sim. Eu é cara-metade, mim sou inteira. Quando mim nasceu, eu chorou, chorou. Eu e mim se dividem numa só certeza. Alguém dentro de mim é mais eu do que eu mesma. Eu amo mim. Mim ama eu.By Rita Lee
quarta-feira, 21 de maio de 2008
terça-feira, 20 de maio de 2008
Meus olhos...
segunda-feira, 19 de maio de 2008
Noite
Sophia de Mello Breyner Andresen
domingo, 18 de maio de 2008
Experiências
e acabei me viciando.
Já confundi sentimentos.
Peguei o atalho errado
Já chorei ouvindo música na rua.
mas descobri que essas
são as mais difíceis de se esquecer.
Já subi no telhado
pra tentar pegar estrelas.
Já fiz juras eternas,
já escrevi no muro da escola,
já chorei sentado no chão ,
já fugi de casa pra sempre
e voltei no outro instante.
Já corri pra não deixar alguém chorando,
já fiquei sozinha no meio de mil pessoas
sentindo falta de uma só.
Já vi pôr-do-sol alaranjado,
já olhei a cidade de cima
e mesmo assim não encontrei meu lugar.
já tremi de nervoso,
já quase morri de amor,
mas renasci novamente
pra ver o sorriso de alguém especial.
Já acordei no meio da noite
e fiquei com medo de me levantar.
Já apostei em correr descalça na rua,
já gritei de felicidade,
já roubei rosas num enorme jardim.
mas sempre era um 'para sempre' pela metade.
Já deitei na relva de madrugada
e vi a Lua virar Sol,
já chorei por ver amigos partindo,
mas descobri que logo chegam novos,
e a vida é mesmo um ir e vir sem razão.
momentos fotografados
pelas lentes da emoção,
E agora um formulário me interroga,
"Qual sua experiência?"
Essa pergunta ecoa no meu cérebro:
experiência... experiência...
Será que ser "plantadora de sorrisos"
é uma boa experiência?
Talvez eles não saibam ainda colher sonhos!
uma pequena coisa
para quem formulou esta pergunta:
Quem a tem, se a todo momento tudo se renova?
sábado, 17 de maio de 2008
Anúncio
Trago os olhos naufragados
em poentes cor de sangue...
Trago os braços embrulhados
numa palma bela e dura
e nos lábios a secura
dos anseios retalhados...
Enrolada nos quadris
cobras mansas que não mordem
tecem serenos abraços...
E nas mãos, presas com fitas
azagaias de brinquedo
vão-se fazendo em pedaços...
Só nos olhos naufragados
estes poentes de sangue...
Só na carne rija e quente,
este desejo de vida!...
Donde venho, ninguém sabe
e nem eu sei...
Para onde vou diz a lei
tatuada no meu corpo...
E quando os pés abram sendas
e os braços se risquem cruzes,
quando nos olhos parados
que trazem naufragados
se entornarem novas luzes...
Ah! Quem souber,
há-de ver
que eu trago a lei
no meu corpo...
Alda Lara
Sem ti
sexta-feira, 16 de maio de 2008
Papoilas
estou opiada de ti
e percorres-me os nervos todos
com papoilas borboletas vermelhas
o meu corpo entrança-se de sonhos
e sente-se caminhando por dentro
aspiro-te
como se me faltasse o ar
e os perfumes dançam-me
qualquer coisa como uma droga bem forte
corpo e alma
rezam pequenas orações
gestos ritmados ao abraçar-te como que abraça
sonhos
coisa estranha
opiada me preciso ou apenas vestida de papoilas e
muito sol com luas por dentro
para poder mastigar estes sonhos
reais como mandrágoras
Marasmo
Na barca desta dor
ando embarcada…
Senhora do navio,
da jornada,
e de quantos passaportes desejei,
só recebi no cais,
por lei da altura,
a bênção do desespero e da aventura!
Nossa Senhora da loucura
É quem me guia…
E em cada dia passado,
esperei sentada na proa,
um sinal da sua graça…
Pelas margens me acenaram
os portos da redenção…
Pelos cabelos da noite,
as sereias entoaram
gemendo, a sua canção,,,
Meus ouvidos, surdos foram…
A todos disse que não…
que nesta rota
de um dia,
é a Nossa Senhora da Loucura
que me guia…
Mas vai o tempo passando…
Nem sinal da sua mão…
Baloiça um vento perdido,
o meu navio esquecido,
Nem sombra do seu aceno!...
Ó Senhora da Loucura!
É tão triste o vento ameno…
Ó Senhora da Loucura
rogai pelo meu navio
se cansado se atormenta
nesta rota sem desvio…
Mandai-nos um temporal,
um rochedo,
uma desgraça,
qualquer coisa que desfaça
esta serena agonia…
Ó Senhora da Loucura,
rogai por mim,
que me afundo
neste mar de calmaria…
não foi por ele que parti,
sem saber de sul nem de norte,
quando apenas recebi
no cais,
e por lei da altura,
a bênção salgada e forte,
do desprezo e da aventura!...
Alda Lara
quinta-feira, 15 de maio de 2008
Escolhas
Imaginação
quarta-feira, 14 de maio de 2008
Silêncio
in “Cartas de amor do profeta”
Kahlil Gibran
terça-feira, 13 de maio de 2008
segunda-feira, 12 de maio de 2008
domingo, 11 de maio de 2008
Página marcada
Folha de hera
perdida
a marcar a página das horas
que não findaram,
no bate-compasso certo, da Vida!
Folha de hera
perdida
Por causa de ti,
o livro se abriu na página marcada…
e os versos falaram de destinos belos
confundidos,
tão incertos,
mas tão sentidos.
Folha de hera,
verde-triste,
verde-escura,
e envelhecer com doçura…
Só a página dos versos
e dos meus anseios,
e sempre a mesma,marcada,
aberta no mesmo sítio,
crucificada em teus veios…
Folha de hera!Folha de hera!...
Mesmo que o vento te leve,
será sempre primavera…
Mesmo que o tempo te leve,
o livro se encherá sempre,
duma presença encantada...
E se abrirá sempre,sempre,
nessa página marcada!...
Alda Lara
sábado, 10 de maio de 2008
sexta-feira, 9 de maio de 2008
quinta-feira, 8 de maio de 2008
O amanhã
O Amanhã…o que será?
Será porventura o passado,
Ou será um sonho olvidado,
Ou quimera que morrerá?
O Amanhã…que nos dará?
Talvez o sossego ansiado
Num horizonte iluminado,
Ou o ontem que voltará?
Será talvez de Esperança,
De tempestade ou de bonança,
Ou futuro de glória vã?
Será um amanhã risonho,
Cheio de claridade e sonho,
Será um feliz amanhã!
Conversas com Deus
"Sabes porque é que não há dois flocos de neve iguais?Porque é impossível serem iguais. A "criação" não é "duplicação", e o Criador apenas pode criar.É por isso que não há dois flocos de neve iguais, não há duas pessoas iguais, não há dois pensamentos iguais, não há duas relações iguais, e não há dois de nada iguais.O Universo - e tudo dentro dele - existe na forma singular, e não há verdadeiramente NADA MAIS COMO ELE.É novamente a Dicotomia Divina. Tudo é singular, e no entanto tudo é Um.Exactamente. Cada dedo da tua mão é diferente, mas é tudo a mesma mão. O ar na tua casa é o ar que está em toda a parte, contudo o ar de sala para sala não é o mesmo, e sente-se marcadamente diferente.O mesmo acontece com as pessoas. Todas as pessoas são Uma, e no entanto não há duas pessoas iguais. Não poderias, portanto, amar duas pessoas da mesma maneira por muito que tentasses - e nunca o quererias, pois o amor é uma reacção àquilo que é único.Assim, quando demontras o teu amor por uma pessoa, estás a fazê-lo de uma forma que não podes utilizar com outra.Os teus pensamentos, palavras e actos - as tuas reacções - são literalmente impossíveis de duplicar - são únicos... tal como a pessoa por quem nutres esses sentimentos."
in "Conversas com Deus-3"
Neale Walsch
Savana
quarta-feira, 7 de maio de 2008
Time
Time, flowing like a river
Time, beckoning me
Who knows when we shall meet again
If ever
But time
Keeps flowing like a river
To the sea
Goodbye my love,
Maybe for forever
Goodbye my love,
The tide waits for me
Who knows when we shall meet again
If ever
But time
Keeps flowing like a river (on and on)
To the sea, to the sea
Till it's gone forever
Gone forever
Gone forever
more
Goodbye my friends,
Maybe for forever
Goodbye my friends,
The stars wait for me
Who knows where we shall meet again
If ever
But time
Keeps flowing like a river (on and on)
To the sea, to the sea
Till it's gone forever
Gone forever
Gone forever more
Os poemas
Um poema belo e triste
E eu acreditava.
Acreditava, porque ao teu lado todas as coisas eram possíveis.
Mas isso era no tempo dos segredos.
Era no tempo em que o teu corpo era um aquário.
Era no tempo em que os meus olhos eram os tais peixes verdes.
Hoje são apenas os meus olhos.
É pouco, mas é verdade: uns olhos como todos os outros.
Já gastámos as palavras.
Quando agora digo: meu amor…
já não se passa absolutamente nada.
E no entanto, antes das palavras gastas,
tenho a certeza de que todas as coisas estremeciam
só de murmurar o teu nome no silêncio do meu coração.
Não temos já nada para dar.
Dentro de ti não há nada que me peça água.
O passado é inútil como um trapo.
E já te disse: as palavras estão gastas.
Adeus…
Eugénio de Andrade
segunda-feira, 5 de maio de 2008
Aconteceu
Aconteceu sem um sino p´ra tocar
Aconteceu diferente das histórias
Que os romances e a memória
Têm costume de contar
Aconteceu sem que o chão tivesse estrelas
Aconteceu sem um raio de luar
O nosso amor foi chegando de mansinho
Se espalhou devagarinho
Foi ficando até ficar
Aconteceu sem que o mundo agradecesse
Sem que as rosas florescessem
Sem um canto de louvor
Aconteceu sem que houvesse nenhum drama
Só o tempo fez a cama
Como em todo grande amor.
Adriana Calcanhotto
ANGOLA
domingo, 4 de maio de 2008
As rosas
É como se prendesse entre os meus dentes
Todo o luar das noites transparentes,
Todo o fulgor das tardes luminosas,
O vento bailador das primaveras,
A doçura amarga dos poentes,
E a exaltação de todas as esperas.»
Sophia de Mello Breyner Andresen
sexta-feira, 2 de maio de 2008
quinta-feira, 1 de maio de 2008
Amigos
Tenho amigos que não sabem
o quanto são meus amigos,
não percebem o amor que lhes devoto
e a absoluta necessidade que tenho deles.
A amizade
é um sentimento mais nobre do que o amor,
eis que permite que o objectivo dela
se divida em outros afectos,
enquanto o amor
tem intrínseco o ciúme, que não admite a rivalidade.
Eu poderia suportar, embora não sem dor,
que tivessem morrido todos os meus amores,
mas enlouqueceria
se morressem todos os meus amigos!
A alguns deles eu não procuro,
basta saber que eles existem.
Esta mera condição
me encoraja a seguir em frente pela vida...
mas é delicioso
que eu saiba e sinta que eu os adoro,
embora não declare e os procure sempre...
Até mesmo aqueles que não percebem
o quanto são meus amigos
e o quanto minha vida depende de suas existências.
A alguns deles eu não procuro,
basta-me saber que eles existem.
Esta mera condição
me encoraja a seguir em frente e pela vida.
Mas, porque não os procuro com assiduidade
não lhes posso dizer o quanto gosto deles....
eles não iriam acreditar.
Muitos deles estão lendo esta crónica
e não sabem que estão incluídos
na sagrada relação de meus amigos,
mas é delicioso que eu saiba e sinta que os adoro,
embora não declare e não os procure.
E às vezes quando os procuro,
noto que eles não tem a noção
de como são necessários
de como são indispensáveis ao meu equilíbrio vital,
porque eles fazem parte do Mundo que eu,
tremulamente construí
e se tornaram alicerces do meu encanto pela vida.
Se um deles morrer, eu ficarei torto para um lado.
Se todos eles morrerem, eu desabo!
Por isso e que, sem que eles saibam,
eu rezo pela vida deles,
e me envergonho, porque essa minha prece,
em síntese me é dirigida ao meu bem estar,
ela é, talvez fruto do meu egoísmo.
Por vezes
mergulho em pensamentos sobre alguns deles.
Quando viajo e fico diante de lugares maravilhosos,
cai-me alguma lágrima por não estarem junto a mim,
com partilhando daquele prazer.
Se alguma coisa me consome e me envelhece
é que a roda furiosa da vida
não me permite ter sempre ao meu lado,
morando comigo, andando comigo,
todos os meus amigos,
e principalmente os que só desconfiam
ou talvez
nunca vão saber que são meus amigos.
A gente não faz amigos, reconhece-os!
Vinícius de Moraes