quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Temporal


Ulula o vento
No seu lamento,
Doce bramir.

A tarde desce,
A noite cresce,
Faz-se sentir.

Ramagens tortas
De folhas mortas
Sempre a sofrer.

E quem as vê
Sonhando crê
Vê-las viver.

Quem talvez sente
O amor ausente,
Pode chorar
A horas mortas.

Batem as portas
Sem descansar.

E as folhas caem
E se contraem
Loucas no chão.

Os homens passam
E as rechaçam
Sem compaixão.

Folhas caídas
Vidas vividas
Sempre a cantar
A horas mortas.

Batem as portas
Sem descansar.

No seu açoite
Sopra na noite
O vento frio,
Num assobio
De arrepiar
A horas mortas.

Batem as portas
Sem descansar.

E a madrugada
Tão ansiada
É sonho triste.

Luar tristonho
É simples sonho
Que não existe.

A esta hora
Chove lá fora
-A neve cai -
Doce cantar
A horas mortas.

Batem as portas
Sem descansar.

M.A.S.

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