Para todos um Feliz Ano Novo
No espelho não é eu, sou mim. Não conheço mim, mas sei quem é eu, sei sim. Eu é cara-metade, mim sou inteira. Quando mim nasceu, eu chorou, chorou. Eu e mim se dividem numa só certeza. Alguém dentro de mim é mais eu do que eu mesma. Eu amo mim. Mim ama eu.By Rita Lee
quinta-feira, 31 de dezembro de 2009
quinta-feira, 24 de dezembro de 2009
quinta-feira, 17 de dezembro de 2009
Pedido
Só te peço esse olhar doce
Profundo, naufragado
No teu olhar.
Essa tão doce promessa
De beijar submersa
Nos teus lábios de sangue...
...para fazer as coisas mais impossíveis do Mundo!
António Cardoso
Profundo, naufragado
No teu olhar.
Essa tão doce promessa
De beijar submersa
Nos teus lábios de sangue...
...para fazer as coisas mais impossíveis do Mundo!
António Cardoso
Etiquetas:
África em versos,
António Cardoso
segunda-feira, 14 de dezembro de 2009
sexta-feira, 11 de dezembro de 2009
Natal em África
Não há pinheiros nem há neve,
Nada do que é convencional,
Nada daquilo que se escreve
Ou que se diz...
Mas é Natal.
Que ar abafado! A chuva banha
A terra, morna e vertical,
Plantas da flora mais estranha,
Aves da fauna tropical.
Nem luz, nem cores, nem lembranças
Da hora única e imortal.
Somente o riso das crianças
Que em toda a parte é sempre igual.
Não há pastores nem ovelhas,
Nada do que é tradicional.
As orações, porém são velhas
E a noite é Noite de Natal.
Cabral do Nascimento
Etiquetas:
África em versos,
Cabral do Nascimento,
Natal
sábado, 5 de dezembro de 2009
Memória
Amar o perdido
deixa confundido
este coração.
Nada pode o olvido
contra o sem sentido
apelo do não.
As coisas tangíveis
tornam-se insensíveis
à palma da mão.
Mas as coisas findas
muito mais que lindas,
essas ficarão.
Carlos Drummond de Andrade
deixa confundido
este coração.
Nada pode o olvido
contra o sem sentido
apelo do não.
As coisas tangíveis
tornam-se insensíveis
à palma da mão.
Mas as coisas findas
muito mais que lindas,
essas ficarão.
Carlos Drummond de Andrade
Etiquetas:
Carlos Drummond de Andrade,
Poesia universal
sexta-feira, 4 de dezembro de 2009
quarta-feira, 2 de dezembro de 2009
terça-feira, 1 de dezembro de 2009
Fundo do mar
Quero ver o fundo do mar
esse lugar de onde se desprendem
as ondas
e se arrancamos olhos aos corais
e onde a morte beija
o lívido rosto dos afogados
Quero ver
esse lugar
onde se não vê
para que
sem disfarce
a minha luz se revele
e nesse mundo
descubra a que mundo pertenço
Mia Couto
esse lugar de onde se desprendem
as ondas
e se arrancamos olhos aos corais
e onde a morte beija
o lívido rosto dos afogados
Quero ver
esse lugar
onde se não vê
para que
sem disfarce
a minha luz se revele
e nesse mundo
descubra a que mundo pertenço
Mia Couto
terça-feira, 24 de novembro de 2009
sexta-feira, 20 de novembro de 2009
sábado, 14 de novembro de 2009
Happy birthday to you
Todos nós temos um filme na memória que por algum motivo ficará eternizado. E de repente, activamos com uma certa nostalgia no presente que insistimos em recordar.
Assim aconteceu com Summer of 42, "Verão de 42" é um clássico e inesquecível filme. Baseado no livro e no roteiro de Herman Raucher,com direcção de Robert Mulligan e banda sonora do maravilhoso Michel Legrand.
O filme conta, com extrema sensibilidade, o despertar de um jovem de 15 anos para o amor, durante as suas férias numa pequena ilha da Nova Inglaterra no Verão de 1942.
O enredo está centrado na figura de um adolescente, no momento em que desperta para o sexo, mostrando seu relacionamento com uma mulher mais velha.
A convocação do marido desta para a frente de combate e, depois, a notícia da sua morte, marca profundamente não só o relacionamento do adolescente e da mulher, como os sentimentos e a postura de cada um deles.
O filme procura revelar o que a guerra faz (ou pode fazer) com as pessoas.
E ao mesmo tempo mostra a delicadeza do amor que afaga as feridas e a dor, sendo capaz de florescer num deserto.
quinta-feira, 12 de novembro de 2009
Tumulto
Tempestade... O desgrenhamento
das ramagens... O choro vão
da água triste, do longo vento,
vem morrer-me no coração.
A água triste cai como um sonho,
sonho velho que se esqueceu...
( Quando virás, ó meu tristonho
Poeta, ó doce troveiro meu!...)
E minha alma, sem luz nem tenda,
passa errante, na noite má,`
à procura de quem me entenda
e de quem me consolará...
Cecília Meireles
Etiquetas:
Cecília Meireles,
Poesia,
Preferidas
terça-feira, 10 de novembro de 2009
sábado, 7 de novembro de 2009
sábado, 31 de outubro de 2009
segunda-feira, 26 de outubro de 2009
quarta-feira, 21 de outubro de 2009
terça-feira, 20 de outubro de 2009
Reza da manhã
Senhor, dai-me a inocência dos animais
para que eu possa beber nesta manhã
a harmonia e a força das coisas naturais.
para que eu possa beber nesta manhã
a harmonia e a força das coisas naturais.
Apagai a máscara vazia e vã
de humanidade
apagai a vaidade,
para que eu me perca e me dissolva
na perfeição da manhã
e para que o vento me devolva
a parte de mim que vive
à beira dum jardim que só eu tive.
Sophia de Mello Breyner Andresen
Etiquetas:
Poesia,
Sophia de Mello Breyner Andresen
domingo, 18 de outubro de 2009
O sol brilhava sobre o mar
(...)
Quando eu nasci...
- Eu sei que o ar estava calmo, repousado (disseram-me)
e o Sol brilhava sobre o mar.
No meio desta calma fui lançada ao mundo,
já com meu estigma.
E chorei e gritei - nem sei porquê.
Ah, mas pela vida fora
minhas lágrimas secaram ao lume da revolta.
- Eu sei que o ar estava calmo, repousado (disseram-me)
e o Sol brilhava sobre o mar.
No meio desta calma fui lançada ao mundo,
já com meu estigma.
E chorei e gritei - nem sei porquê.
Ah, mas pela vida fora
minhas lágrimas secaram ao lume da revolta.
Noémia de Sousa
Etiquetas:
África em versos,
Noémia de Sousa
sábado, 17 de outubro de 2009
Quando eu morrer
Quando eu morrer
veste o teu vestido branco
e com uma rosa encarnada
vai encharcar-te de mar
bebe vento em cada gota
do encanto do dia a chegar
e entende as palavras todas
que te entrego som a som
na fúria verde do gesto
de um mirangolo qualquer
corre o círculo dos sorrisos
na firmeza da partida
e esquece o medo das nuvens
que abraçam a nossa distância
e se ao longe me vires a acenar
ri-te do louco que eu sou
por ainda pensar em ti
toda vestida de branco
desfolha a rosa encarnada
escreve o meu nome na praia
e vai encharcar-te de mar
João Abel
sexta-feira, 16 de outubro de 2009
Serenata
Caem à noite pedras
sobre o templo
do silêncio
de espaço
um ruído de automóvel
um toque de sinos de uma igreja
monotonia diurna que não quebra
a queda das pedras
no silêncio
De dia o templo é
noite
e à noite há o silêncio
o esgaravatar de uma gaivota em fogo
o estalar de folhas novas
numa árvore
sabendo a vício este cigarro
de cheira a seiva dos pinheiros
E as pedras caem
como chuva ou neve
todas as noites que noites
já são poucas
E a seiva pedra sobre o templo
e a gaivota
o vício
a folha
quebrando este silêncio
Onde as guitarras?
Os quissanges acontecem longe
Manuel Rui
sobre o templo
do silêncio
de espaço
um ruído de automóvel
um toque de sinos de uma igreja
monotonia diurna que não quebra
a queda das pedras
no silêncio
De dia o templo é
noite
e à noite há o silêncio
o esgaravatar de uma gaivota em fogo
o estalar de folhas novas
numa árvore
sabendo a vício este cigarro
de cheira a seiva dos pinheiros
E as pedras caem
como chuva ou neve
todas as noites que noites
já são poucas
E a seiva pedra sobre o templo
e a gaivota
o vício
a folha
quebrando este silêncio
Onde as guitarras?
Os quissanges acontecem longe
Manuel Rui
quinta-feira, 15 de outubro de 2009
quarta-feira, 14 de outubro de 2009
terça-feira, 13 de outubro de 2009
O nome não tem importância.
Tela de Leonid Afremov
Deus não prometeu dias sem dor;
risos sem sofrimentos;
Sol sem Chuva.
Ele prometeu força para o Dia;
conforto para as lágrimas
e Luz para o Caminho...
Deus disse:
O nome do teu Anjo não tem importância.
Tu o chamarás simplesmente de ... Amigo!
risos sem sofrimentos;
Sol sem Chuva.
Ele prometeu força para o Dia;
conforto para as lágrimas
e Luz para o Caminho...
Deus disse:
O nome do teu Anjo não tem importância.
Tu o chamarás simplesmente de ... Amigo!
segunda-feira, 12 de outubro de 2009
domingo, 11 de outubro de 2009
sábado, 10 de outubro de 2009
...o luar, essa delicadeza.
Não é da luz do sol que carecemos.
Milenarmente a grande estrela iluminou a terra e, afinal, nós pouco aprendemos a ver.
O mundo necessita ser visto sob outra luz: a luz do luar, essa claridade que cai com respeito e delicadeza.
Só o luar revela o lado feminino dos seres.
Só a lua revela a intimidade da nossa morada terrestre.
Necessitamos não do nascer do Sol.
Carecemos do nascer da Terra.
Mia Couto
Etiquetas:
África em versos,
Mia Couto,
Outono
sexta-feira, 9 de outubro de 2009
O olho é um pequeno planeta
O Olho é uma espécio de globo,
é um pequeno planeta
com pinturas do lado de fora.
Muitas pinturas:
azuis, verdes, amarelas.
É um globo brilhante:
parece cristal,
é como um aquário com plantas
finamente desenhadas:
algas, sargaços, miniaturas marinhas,
areias, rochas, naufrágios e peixes de ouro.
Mas por dentro há outras pinturas,
que não se vêem:
umas são imagens do mundo,
outras são inventadas.
O Olho é um teatro por dentro.
E às vezes, sejam actores, sejam cenas,
e às vezes, sejam imagens, sejam ausências,
formam, no
Olho,
lágrimas.
Cecília Meireles
é um pequeno planeta
com pinturas do lado de fora.
Muitas pinturas:
azuis, verdes, amarelas.
É um globo brilhante:
parece cristal,
é como um aquário com plantas
finamente desenhadas:
algas, sargaços, miniaturas marinhas,
areias, rochas, naufrágios e peixes de ouro.
Mas por dentro há outras pinturas,
que não se vêem:
umas são imagens do mundo,
outras são inventadas.
O Olho é um teatro por dentro.
E às vezes, sejam actores, sejam cenas,
e às vezes, sejam imagens, sejam ausências,
formam, no
Olho,
lágrimas.
Cecília Meireles
Etiquetas:
Cecília Meireles,
Poesia universal
quinta-feira, 8 de outubro de 2009
quarta-feira, 7 de outubro de 2009
o escuro mistério em movimento.
Há palavras a dormir sobre o seu largo
assombro
Por exemplo, se dizes Quanza ou dizes Congo
é como se houvesse pronunciado os próprios
rios
Ou seja, as águas
pesadas de lama, os peixes todos e os perigos
inumeráveis
O musgo das margens, o escuro
mistério em movimento.
Dizes Quanza ou dizes Congo e um rio corre
Lento
em tua boca.
Dizes Quanza
e o ar se preenche de perfumes perplexos.
E dizes Congo
e onde o dizes há grandes aves
e súbitos sons redondos e convexos.
E dizes Quanza, ou dizes Congo
e sempre que o dizes acorda em torno
um turbilhão de águas:
a vida, em seu inteiro e infinito assombro.
José Eduardo Agualusa
Etiquetas:
África em versos,
José Eduardo Agualusa
terça-feira, 6 de outubro de 2009
quarta-feira, 30 de setembro de 2009
Existências
terça-feira, 29 de setembro de 2009
A vida reinventada.
A vida só é possível
reinventada.
Anda o sol pelas campinas
e passeia a mão dourada
pelas águas, pelas folhas...
Ah! tudo bolhas
que vem de fundas piscinas
de ilusionismo... - mais nada.
Mas a vida, a vida, a vida,
a vida só é possível
reinventada.
Vem a lua, vem, retira
as algemas dos meus braços.
Projecto-me por espaços
cheios da tua figura.
Tudo mentira! Mentira
da lua, na noite escura.
Não te encontro, não te alcanço...
Só - no tempo equilibrada,
desprendo-me do balanço
que além do tempo me leva.
Só - na treva,
fico: recebida e dada.
Porque a vida, a vida, a vida,
a vida só é possível
reinventada.
Cecília Meireles
reinventada.
Anda o sol pelas campinas
e passeia a mão dourada
pelas águas, pelas folhas...
Ah! tudo bolhas
que vem de fundas piscinas
de ilusionismo... - mais nada.
Mas a vida, a vida, a vida,
a vida só é possível
reinventada.
Vem a lua, vem, retira
as algemas dos meus braços.
Projecto-me por espaços
cheios da tua figura.
Tudo mentira! Mentira
da lua, na noite escura.
Não te encontro, não te alcanço...
Só - no tempo equilibrada,
desprendo-me do balanço
que além do tempo me leva.
Só - na treva,
fico: recebida e dada.
Porque a vida, a vida, a vida,
a vida só é possível
reinventada.
Cecília Meireles
Etiquetas:
Cecília Meireles,
Poesia universal
Identidade
segunda-feira, 28 de setembro de 2009
terça-feira, 15 de setembro de 2009
O meu homem
Há mulheres que querem que
o seu homem seja o Sol.
O meu quero-o nuvem.
Há mulheres que falam
na voz do seu homem.
O meu que seja calado e eu,
nele, guarde meus silêncios.
Para ser a minha voz quando
Deus me pedir contas.
No resto, que tenha medo
e me deixe ser mulher,
mesmo que nem sempre sua.
Que ele seja homem em breves doses
Que exista em marés, no simples
ciclo das águas e dos ventos.
E, vez em quando, seja mulher,
tanto quanto eu.
As suas mãos as quero firmes
quando me despir.
Mas ainda mais quero
que ele me saiba vestir.
Como se eu mesma me vestisse
e ele fosse a mão da vaidade.
Mia Couto
terça-feira, 8 de setembro de 2009
...meu eterno desconhecido
Podes dizer ao mundo inteiro
que estas letras são tuas.
assim como os desenhos que fiz,
os espaços que deixei.
Podes dizer a toda a gente que um dia
te amei e que foste tu quem me fez poeta.
Podes nadar em orgulho ao saber
que todos os copos que bebi foram por ti.
Que os cigarros que fumei ansiosa e
apressadamente foram pela saudade
do teu corpo.
Quando falarem de raios e relâmpagos,
de trovões e de tufões, vais poder
dizer que fui eu quem fez a China,
quem ergueu muralhas e deitou as
lágrimas de sangue.
Quando te perguntarem se um dia me
conheceste, diz que sim.
Responde um afirmativo de poder e de vontade.
Podes deixar o medo do conhe-
cimento alheio, agora que te sou realmente alheia.
Quando um dia o mundo se
desfizer verdadeiramente em estações trocadas
o Verão pelo Outono ou o Inverno pela
Primavera - aí podes descansar.
Podes contar à galáxia e aos seus
sobreviventes que, meu eterno desconhecido,
um dia me fizeste rainha.
...
José Eduardo Agualusa
que estas letras são tuas.
assim como os desenhos que fiz,
os espaços que deixei.
Podes dizer a toda a gente que um dia
te amei e que foste tu quem me fez poeta.
Podes nadar em orgulho ao saber
que todos os copos que bebi foram por ti.
Que os cigarros que fumei ansiosa e
apressadamente foram pela saudade
do teu corpo.
Quando falarem de raios e relâmpagos,
de trovões e de tufões, vais poder
dizer que fui eu quem fez a China,
quem ergueu muralhas e deitou as
lágrimas de sangue.
Quando te perguntarem se um dia me
conheceste, diz que sim.
Responde um afirmativo de poder e de vontade.
Podes deixar o medo do conhe-
cimento alheio, agora que te sou realmente alheia.
Quando um dia o mundo se
desfizer verdadeiramente em estações trocadas
o Verão pelo Outono ou o Inverno pela
Primavera - aí podes descansar.
Podes contar à galáxia e aos seus
sobreviventes que, meu eterno desconhecido,
um dia me fizeste rainha.
...
José Eduardo Agualusa
Etiquetas:
África em versos,
José Eduardo Agualusa
segunda-feira, 7 de setembro de 2009
O nó dos sonhos
sábado, 8 de agosto de 2009
sexta-feira, 7 de agosto de 2009
domingo, 2 de agosto de 2009
Recordar
Eu sei:voarei no espaço
como andorinha penando;
para longe sempre voando
tu verás meu olhar baço.
M.A.S.
Hoje era o dia em completarias sessenta anos de idade.
A vida quis que não os contarias.
Onde estiveres "verás" que os teus amigos não te esqueceram.
sábado, 1 de agosto de 2009
Entendimento
Tela de Imán Maleki
"Compreender não é procurar no que nos é estranho a nossa projecção ou a projecção do nossos desejos. É explicar o que se nos opõe, valorizar o que até aí não tinha valor dentro de nós. O diverso, o inesperado, o antagónico, é que são a pedra de toque dum acto de entendimento."
Miguel Torga
Miguel Torga
sexta-feira, 31 de julho de 2009
O último poema
Assim eu quereria o meu último poema.
Que fosse terno
Que fosse terno
dizendo as coisas mais simples
e menos intencionais.
Que fosse ardente
como um soluço sem lágrimas
Que tivesse a beleza das flores
Que tivesse a beleza das flores
quase sem perfume.
A pureza da chama
em que se consomem os diamantes
mais límpidos
A paixão dos suicidas
A paixão dos suicidas
que se matam sem explicação.
Manuel Bandeira
Manuel Bandeira
Etiquetas:
Manuel Bandeira,
Poesia universal
quinta-feira, 30 de julho de 2009
Pescaria
Cesto de peixes no chão.
Cheio de peixes, o mar.
Cheiro de peixe pelo ar.
E peixes no chão.
Chora a espuma pela areia,
na maré cheia.
As mãos do mar vêm e vão,
as mãos do mar pela areia
onde os peixes estão.
As mãos do mar vêm e vão,
em vão.
Não chegarão
aos peixes do chão.
Por isso chora, na areia,
a espuma da maré cheia.
Cecília Meireles
Cheio de peixes, o mar.
Cheiro de peixe pelo ar.
E peixes no chão.
Chora a espuma pela areia,
na maré cheia.
As mãos do mar vêm e vão,
as mãos do mar pela areia
onde os peixes estão.
As mãos do mar vêm e vão,
em vão.
Não chegarão
aos peixes do chão.
Por isso chora, na areia,
a espuma da maré cheia.
Cecília Meireles
Etiquetas:
Cecília Meireles,
Poesia universal
quarta-feira, 29 de julho de 2009
terça-feira, 28 de julho de 2009
Havemos de voltar
Havemos de voltar!
Mais velhos...
Diferentes...
Derrotados...
Cinzas...
Pó...
Sementes
arrastadas pelo vento
num pôr de sol de fogo...
Levados na fúria da maré...
Mas havemos de voltar
numa trovoada tropical,
derrubados
beijaremos a terra
e voltaremos, serenos,
a florescer no capinzal.
Isabel Branco
(poetisa angolana)
Mais velhos...
Diferentes...
Derrotados...
Cinzas...
Pó...
Sementes
arrastadas pelo vento
num pôr de sol de fogo...
Levados na fúria da maré...
Mas havemos de voltar
numa trovoada tropical,
derrubados
beijaremos a terra
e voltaremos, serenos,
a florescer no capinzal.
Isabel Branco
(poetisa angolana)
Memórias
"O passado continua vivo dentro de nós através das memórias, mas as memórias em si não constituem um problema. Na realidade, é através delas que aprendemos com o passado e com os erros do passado.
Só quando as memórias, ou seja, os pensamentos sobre o passado nos dominam por completo é que se transformam num fardo, se tornam problemáticas e passam a fazer parte da nossa identidade.
A nossa personalidade, que é condicionada pelo passado, transforma-se então numa prisão. As nossas memórias estão imbuídas de uma noção de identidade, e a nossa história converte-se na pessoa que julgamos ser.
Este "pequeno eu" é uma ilusão que encobre a nossa verdadeira identidade, a Presença intemporal e informe."
Eckhart Tolle
Eckhart Tolle
segunda-feira, 27 de julho de 2009
domingo, 26 de julho de 2009
sábado, 25 de julho de 2009
Para ti
O tempo passa
A vida acontece
A distância separa
As crianças crescem
O amor diminui
Os corações quebram-se
As carreiras terminam
Os trabalhos vêm e vão
Os colegas esquecem-se dos favores
Peço-te para vires, respondes que vens mais tarde
Queria que estivesses sempre lá
Não importa por quanto tempo...
Nem qual é a distancia
Tu nunca estás a mais...
Preciso que estejas lá
Pelos teus caminhos, sejam quais forem, estarei sempre lá,
Puxando por ti, alegrando-te, orando por ti, intervindo, esperando de braços abertos até
ao fim da tua caminhada.
Às vezes quebrarei as regras
Caminhando ao teu lado
Levando-te ao colo.
O mundo não será o mesmo se estiveres sempre lá
E nós também não
Quando decidi enfrentar o teu mundo
Não tinha ideia dos desafios, dos duelos, nem das alegrias incríveis que ia encontrar
Nem sabia do quanto iria precisar de ti.
Suzete Madeira
(poeta moçambicana)
A vida acontece
A distância separa
As crianças crescem
O amor diminui
Os corações quebram-se
As carreiras terminam
Os trabalhos vêm e vão
Os colegas esquecem-se dos favores
Peço-te para vires, respondes que vens mais tarde
Queria que estivesses sempre lá
Não importa por quanto tempo...
Nem qual é a distancia
Tu nunca estás a mais...
Preciso que estejas lá
Pelos teus caminhos, sejam quais forem, estarei sempre lá,
Puxando por ti, alegrando-te, orando por ti, intervindo, esperando de braços abertos até
ao fim da tua caminhada.
Às vezes quebrarei as regras
Caminhando ao teu lado
Levando-te ao colo.
O mundo não será o mesmo se estiveres sempre lá
E nós também não
Quando decidi enfrentar o teu mundo
Não tinha ideia dos desafios, dos duelos, nem das alegrias incríveis que ia encontrar
Nem sabia do quanto iria precisar de ti.
Suzete Madeira
(poeta moçambicana)
Etiquetas:
África em versos,
Suzete Madeira
sexta-feira, 24 de julho de 2009
quinta-feira, 23 de julho de 2009
Minha, eternamente!
quarta-feira, 22 de julho de 2009
Herança
Quando sorris
Eu estou sempre presente na tua vida. Sempre e de todas as maneiras. Mas tu
tornas-te muito mais consciente da minha presença quando fazes este tipo de
coisas:
quando sorris,
ou amas,
ou cantas,
ou danças,
ou escreves aquilo que te vai no coração.
É essa a mais alta versão de
Quem Eu Sou,
e sempre que exprimes essas qualidades,
estás a exprimir-Me.
Literalmente.
Estás a exteriorizar-Me.
Estás a tirar-Me de dentro de ti,
onde resido sempre,
e a mostrares-Me ao mundo.
Neale Donald Walsch
tornas-te muito mais consciente da minha presença quando fazes este tipo de
coisas:
quando sorris,
ou amas,
ou cantas,
ou danças,
ou escreves aquilo que te vai no coração.
É essa a mais alta versão de
Quem Eu Sou,
e sempre que exprimes essas qualidades,
estás a exprimir-Me.
Literalmente.
Estás a exteriorizar-Me.
Estás a tirar-Me de dentro de ti,
onde resido sempre,
e a mostrares-Me ao mundo.
Neale Donald Walsch
terça-feira, 21 de julho de 2009
O anseio do encontro antigo
domingo, 19 de julho de 2009
sexta-feira, 17 de julho de 2009
Antínoo
Sob o peso nocturno dos cabelos
Ou sob a lua divina do teu ombro
Procurei a ordem intacta do mundo
A palavra não ouvida
Longamente sob o fogo ou sob o vidro
Procurei no teu rosto
A revelação dos deuses que não sei
Porém passaste através de mim
Como passamos através da sombra
Ou sob a lua divina do teu ombro
Procurei a ordem intacta do mundo
A palavra não ouvida
Longamente sob o fogo ou sob o vidro
Procurei no teu rosto
A revelação dos deuses que não sei
Porém passaste através de mim
Como passamos através da sombra
Sophia de Mello Breyner Andresen
Etiquetas:
Poesia universal,
Sophia de Mello Breyner Andresen
quarta-feira, 15 de julho de 2009
Quando tu passas por mim
Quando tu passas por mim
Por mim passam saudades cruéis
Passam saudades de um tempo
Em que a vida eu vivia a teus pés
Passam coisas que eu quero esquecer
Beijos de amor infiéis
Juras que fazem sofrer
Quando tu passas por mim
Passa o tempo e me leva pra trás
Leva-me a um tempo sem fim
A um amor onde o amor foi demais
E eu que só fiz te adorar
E de tanto te amar penei mágoas sem fim
Hoje nem olho pra trás
Quando tu passas por mim
Vinicius de Moraes
Por mim passam saudades cruéis
Passam saudades de um tempo
Em que a vida eu vivia a teus pés
Passam coisas que eu quero esquecer
Beijos de amor infiéis
Juras que fazem sofrer
Quando tu passas por mim
Passa o tempo e me leva pra trás
Leva-me a um tempo sem fim
A um amor onde o amor foi demais
E eu que só fiz te adorar
E de tanto te amar penei mágoas sem fim
Hoje nem olho pra trás
Quando tu passas por mim
Vinicius de Moraes
Etiquetas:
Poesia universal,
Vinicius de Moraes
quinta-feira, 9 de julho de 2009
Gajaja
Fruto pálido, empaludado…
Cereja dos trópicos
de cor desmaiada.
Luanda:
onde estão as tuas gajajeiras
que a troco dos seus frutos
pedradas eu lançava
pedradas que magoavam
pedradas de criança!
Por certo que foram destroçadas,
sepultadas em teus alicerces
da Brito Godins
e de todas as Ingombotas,
tal como os frondosos cajueiros.
Vi hoje uma gajajeira
já quase morta.
Havia pedras a seu lado,
areia e cimento
e um buraco longo, rodopiando,
fazendo quadrados,
rectângulos, quadrados…
Se a minha fortuna
não fosse feita de sonhos,
compraria aquele terreno.
A copa da gajajeira
seria o meu chapéu,
a umbela dos dias quentes
e das noites de luar e de cacimbo.
Luanda:
onde é que estão
as nossas gajajeiras?
Essas gajajeiras que me davam
as gajajas da minha infância
os frutos da minha vadiagem!
Eu atirei pedradas!
Mas tu, Luanda,
o que fizeste delas?
Tomás Jorge publicado
Cereja dos trópicos
de cor desmaiada.
Luanda:
onde estão as tuas gajajeiras
que a troco dos seus frutos
pedradas eu lançava
pedradas que magoavam
pedradas de criança!
Por certo que foram destroçadas,
sepultadas em teus alicerces
da Brito Godins
e de todas as Ingombotas,
tal como os frondosos cajueiros.
Vi hoje uma gajajeira
já quase morta.
Havia pedras a seu lado,
areia e cimento
e um buraco longo, rodopiando,
fazendo quadrados,
rectângulos, quadrados…
Se a minha fortuna
não fosse feita de sonhos,
compraria aquele terreno.
A copa da gajajeira
seria o meu chapéu,
a umbela dos dias quentes
e das noites de luar e de cacimbo.
Luanda:
onde é que estão
as nossas gajajeiras?
Essas gajajeiras que me davam
as gajajas da minha infância
os frutos da minha vadiagem!
Eu atirei pedradas!
Mas tu, Luanda,
o que fizeste delas?
Tomás Jorge publicado
(poeta angolano)
quarta-feira, 8 de julho de 2009
Não é preciso muito mais
Acordei de repente no meio da noite na rua alguém chamara:...
Então o nome correu pelos ares...
...
O nome passa por mim correndo vem ter comigo grita-me aos ouvidos
...
Com o meu nome caio em mim
...
É um nome muito tranquilo. Pacífico mesmo.
Para dizer ... com força é preciso estar-se muito zangado. Normalmente
move-se
apenas a língua levemente dentro da boca. Não é preciso muito mais.
Ana Hatherly
Então o nome correu pelos ares...
...
O nome passa por mim correndo vem ter comigo grita-me aos ouvidos
...
Com o meu nome caio em mim
...
É um nome muito tranquilo. Pacífico mesmo.
Para dizer ... com força é preciso estar-se muito zangado. Normalmente
move-se
apenas a língua levemente dentro da boca. Não é preciso muito mais.
Ana Hatherly
Subscrever:
Mensagens (Atom)