segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Os frutos da nossa infância



Não deixem que a gajaja
e o maboque
sejam simplesmente na memória do futuro
singelas recordações
do nosso antigamente.


Não permitem que a saborosissima noxa
deixe unicamente na boca da nossa infância
o gosto e o perfume do guloso apetite.


Que o paladar agridoce do tambarino
não de esfume no tempo de só lembrança
e a pitanga
não nos recorde apenas além do sumo
o rubro dos lábios sequiosos
do beijo apaixonado.


Não façam que o mirangolo,
a manga, o sape-sape
se consumam como fogo ardente
dos desejos,
deixando-nos a nostalgia
dum sabor embriagante.


E a goiaba, a múkua,
o trabalho ou o coroado ananás
continuem para sempre a reinar pelo tempo
de todas as infâncias
como frutos abertos ao paladar
dos nossos desejos a todo o momento.


Que toda esta riqueza suculenta
da nossa amada terra
a nossa mãe Angola
continue,
através de todos os cacimbos.
no incontravel tempo,
enchendo nossas kindas
desse gostoso e incomparável
maná


(Eduardo Brazão- Filho)

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