No espelho não é eu, sou mim. Não conheço mim, mas sei quem é eu, sei sim. Eu é cara-metade, mim sou inteira. Quando mim nasceu, eu chorou, chorou. Eu e mim se dividem numa só certeza. Alguém dentro de mim é mais eu do que eu mesma. Eu amo mim. Mim ama eu.By Rita Lee
terça-feira, 30 de setembro de 2008
segunda-feira, 29 de setembro de 2008
Quem és tu
Pisando o luar branco dos caminhos,
Sob o rumor das folhas inspiradas?
A perfeição nasce do eco dos teus passos,
E a tua presença acorda a plenitude
A que as coisas tinham sido destinadas.
A história da noite é o gesto dos teus braços,
O ardor do vento a tua juventude,
E u teu andar é a beleza das estradas.
Sophia de Mello Breyner Andresen
domingo, 28 de setembro de 2008
Não adianta...
À noite envolvido no silêncio do seu quarto, antes de dormir você procura o meu retrato,
R.C.
Trilogia do Outono
A fruta sazonada é fresca orgia
que corre à nossa boca em linfa escura.
Mulher! Ergue-te e olha! A toda a altura
a breve mão que te alcança o novo dia.
Descansa à luz do tempo a face esguia,
coberta de vigílias e amarguras.
É tua a sede desta terra madura,
Irmã de todo o medo e cobardia…
O preço das traições que te marcaram
e quantas dores ocultaste açoitaram,
hás-de bebê-lo sem tremer…Imundo,
o vinho deste mosto é sangue vida!
Podes brindar por ti, na hora erguida,
e estilhaçar a taça, aos pés do mundo!...
sábado, 27 de setembro de 2008
quinta-feira, 25 de setembro de 2008
Songbird
For you there'll be no crying
For you the sun will be shining
Cause I feel that when I'm with you
It's alright, I know it's right
And the songbirds keep singing
Like they know the score
And I love you, I love you, I love you
Like never before
To you, I would give the world
To you, I'd never be cold
Cause I feel that when I'm with you
It's alright, I know it's right
And the songbirds keep singing
Like they know the score
And I love you, I love you, I love you
Like never before
Like never before; like never before.
Retrato
quarta-feira, 24 de setembro de 2008
A menina do mar
Em Setembro veio o equinócio. Vieram as marés vivas, ventanias, nevoeiros, chuvas, temporais. As marés-altas varriam a praia e subiam até à duna. Certa noite, as ondas gritaram tanto, uivaram tanto, e quebraram-se com tanta força na praia, que, no seu quarto caiado da casa branca, o rapazinho esteve até altas horas sem dormir. As portadas das janelas batiam. As madeiras do chão estalavam como madeiras de mastros. Parecia que as ondas iam cercar a casa e que o mar ia devorar o mundo. E o rapazito pensava que, lá fora, na escuridão da noite, se travava uma imensa batalha em que o mar, o céu e o vento se combatiam. Mas por fim, cansado de escutar, adormeceu embalado pelo temporal.
Sophia de Mello Breyner Andresen
(in "A menina do mar")
Trilogia do Outono
Vem meu Amor, trazer à adormecida
sombra informe de todos os cansaços,
esse calor fremente dos abraços
que fecundam a terra apetecida.
À nossa volta, em sol, rebenta a vida!
Lateja sob o oco dos meus passos,
e vai-se doida, em voos p´los espaços,
levar às flores a seiva prometida…
Ao longe, ou perto, o mundo será nosso!
Será conquista e força, esse destroço
de febre, a apodrecer sem mais impulsos…
E então Amor, verás como sou forte!
E como hei-de arrancar à nossa morte,
o filho do teu sonho, e dos meus pulsos!...
Alda Lara
segunda-feira, 22 de setembro de 2008
sexta-feira, 19 de setembro de 2008
quinta-feira, 18 de setembro de 2008
terça-feira, 16 de setembro de 2008
Dádiva
Costa Andrade
Fim de tarde
Lá fora o azul do céu é profundo. Alongam-se nas ruas as sombras do cair da tarde.
Os últimos ruídos da tarde vão a pouco e pouco morrendo.
Sentada na cama com o bloco de notas sobre os joelhos,escrevo sempre…ora para alguém,ora frases soltas que povoam o meu pensamento.
O destino de algumas destas folhas brancas, imaculadas, irão em breve ocupar o espaço vazio do cesto dos papéis.
Poderia escrever mundos e mundos, dentro do mundo limitado destas quatro paredes.
Mas para quê isso?
Prefiro estirar-me sobre o colchão macio e deixar-me embalar pelos sonhos, que talvez jamais se tornem realidade.
Anseios de quem sente não se pertencer.À minha frente o silêncio desta solidão.
Chuva
impiedosa e rija,
encharcando de lágrimas
os telhados das casas todas...
Quando a chuva cai,
dolorosa triste,
de um céu pesado
de amargura e acusação,...
Agonias esquecidas
nos sobem outra vez no peito...
(ah! essa sensação de nada se ter feito!...)
...a lembrança das horas inúteis,
dos anseios desprezados,
dos gestos impiedosamente deturpados...
Quando a chuva cai,
toda a agonia de uma vida mesquinha,
nos invade outra vez...
para que a natureza
não chore sozinha...
Alda Lara
segunda-feira, 15 de setembro de 2008
domingo, 14 de setembro de 2008
sábado, 13 de setembro de 2008
...para ti
Que de tudo nasce a exaltação
E nunca as minhas mãos ficam vazias.
Sophia de Mello Breyner Andresen
sexta-feira, 12 de setembro de 2008
Em silêncio
quinta-feira, 11 de setembro de 2008
Entre as dunas da cidade
Frágil mulher, o mito que despertas
no meu peito abre caminho
rasgando a carne a golpes de paixão
E é essa dor que dói e não consinto
que deus algum venha apaziguar
que faz da tua noite a minha lua
Mulher de areia, queria ser vento
voar baixinho e levantar tua saia
para arder entre as dunas da cidade.
José Luís Mendonça
(poeta angolano)
O sorriso
quarta-feira, 10 de setembro de 2008
Amar
Outras fazem-no para lisonjearem o seu ego, acabarem com depressões, melhorarem a sua vida sexual, recuperarem de uma relação anterior ou, por incrível que pareça, para se livrarem do tédio.
Nenhum desse motivos resultará e, a menos que pelo caminho algo sofra uma mudança drástica, a relação também não.
Para a maioria das pessoas, o amor é uma necessidade. Toda a gente tem necessidades. Tu necessitas disto, o outro necessita daquilo. Ambos vêem um no outro uma hipótese de satisfação de uma necessidade. Por isso acordam – tacitamente – numa troca. Eu dou-te o que tenho se tu me deres o que tens.
É uma transacção. Mas não lhe chamam isso. Não dizem «Eu troco-te muito», dizem «Eu amo-te muito» e é aí que começa o desapontamento.
Neale Donald Walsch
Poema mestiço
Mia Couto
África
Orlando Albuquerque
Poema
Viajar! Perder países!
Ser outro constantemente,
Por a alma não ter raízes
De viver, de ver sòmente!
Não pertencer nem a mim!
Ir em frente, ir a seguir
A ausência de ter um fim,
E da ânsia de o conseguir.
Viajar assim é viagem
Mas faço-o sem ter de meu
Mais que o sonho da passagem.
O resto é só terra e céu.
Fernando Pessoa
sábado, 6 de setembro de 2008
Meio dia
sexta-feira, 5 de setembro de 2008
Braille
da tua pele; demoro-me em cada
sílaba, no sulco macio
das vogais, num breve obstáculo
de consoantes, em que os meus dedos
penetram, até chegarem
ao fundo dos sentidos.Desfolho
as páginas que o teu desejo me abre,
ouvindo o murmúrio de um roçar
de palavras que se
juntam, como corpos, no abraço
de cada frase. E chego ao fim
para voltar ao princípio, decorando
o que já sei, e é sempre novo
quando o leio na tua pele.
Nuno Júdice
quarta-feira, 3 de setembro de 2008
Fim de tarde
Uma aragem fresca e doce sopra vinda do mar, anunciando que o fim do verão está próximo.
Como é agradável sentir o cheiro acarilado misturado com maresia que se sente no ar e que se torna mais forte com o início da noite.
Faz-me transportar para outras paragens bem longínquas.
O sol na "sua" corrida para o sul, já não é tão quente nem tão dourado.
Assim acabo mais um dia de verão, junto ao mar tomando um café, e ouvindo boa música.
terça-feira, 2 de setembro de 2008
Poema da auto-estrada
Leva calções de pirata,
Fuge, fuge, Leonoreta.
Como rasgão na paisagem
Na confusão dos sentidos
Fuge, fuge, Leonoreta
António Gedeão
O búzio de Cós
Porém nele não oiço
Sophia de Mello Breyner Andresen