Panos flutuantes de todas as cores
às portas do vento, no umbral da tarde.
E olhos negros.
Jardins bordados: roupas, sandálias
como escrínios de seda para alfanges.
E negros olhos.
Molhos de penas de pavão. Colares de nardo
a morrerem do próprio perfume
entre tufos de fios de ouro.
E os delicadíssimos dedos.
Pratos de doces verdes e cor-de-rosa:
pistache, côco, amêndoa, gulab.
Lábios de veludo.
Caixas, bandejas, aguamanil, sineta,
e o mundo do bídri: noite de chumbo e lua.
E olhos negros. E negros olhos.
Pingentes, borlas, ébano e laca,
feltros vermelhos, pulseiras de mica,
filigranas de marfim e ar.
E os dedos delicadíssimos.
Cestos cheios de grãos. Frigideiras enormes.
Grandes colheres. Muita fumaça. Muitos pastéis.
Lábios de veludo.
Corolas de turbantes. Brinquedos. Tapetes.
O homem que cose à máquina, o que lê as Escrituras.
Olhos negros.
Portais encarnados, cor de mostarda, verdes.
Velhos ourives. Ai, Golconda!
E uma voz bordando músicas trêmulas.
Negros olhos.
Bigodes. Balanças. Barros, alumínios.
Muitas bicicletas:
às portas do vento, no umbral da tarde.
E olhos negros.
Jardins bordados: roupas, sandálias
como escrínios de seda para alfanges.
E negros olhos.
Molhos de penas de pavão. Colares de nardo
a morrerem do próprio perfume
entre tufos de fios de ouro.
E os delicadíssimos dedos.
Pratos de doces verdes e cor-de-rosa:
pistache, côco, amêndoa, gulab.
Lábios de veludo.
Caixas, bandejas, aguamanil, sineta,
e o mundo do bídri: noite de chumbo e lua.
E olhos negros. E negros olhos.
Pingentes, borlas, ébano e laca,
feltros vermelhos, pulseiras de mica,
filigranas de marfim e ar.
E os dedos delicadíssimos.
Cestos cheios de grãos. Frigideiras enormes.
Grandes colheres. Muita fumaça. Muitos pastéis.
Lábios de veludo.
Corolas de turbantes. Brinquedos. Tapetes.
O homem que cose à máquina, o que lê as Escrituras.
Olhos negros.
Portais encarnados, cor de mostarda, verdes.
Velhos ourives. Ai, Golconda!
E uma voz bordando músicas trêmulas.
Negros olhos.
Bigodes. Balanças. Barros, alumínios.
Muitas bicicletas:
porém o passo rítmico das mulheres majestosas.
Aroma de fruta, incenso, flor, óleo fervente.
Sedas voando pelo céu.
E os nossos olhos. Os nossos ouvidos. Nossas mãos.
(Objectos banais.)
Cecília Meireles
Aroma de fruta, incenso, flor, óleo fervente.
Sedas voando pelo céu.
E os nossos olhos. Os nossos ouvidos. Nossas mãos.
(Objectos banais.)
Cecília Meireles
2 comentários:
Boa noite amiga dona desse blog lindo, eu venho aqui te agradecer!
Eu estou a procura deste poema tem anos! É um poema indiano, quando Cecília esteve na Índia. Obrigada do fundo do meu coração e se me permite, irei publica-lo em meu blog, vou deixar um link para o seu, como sinal de agradecimento! Muita paz e felicidade pra você! =D
Ah meu blog: llabellallunna.tumblr.com ^^
Enviar um comentário