sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Soneto da hora final


Será assim amigo: um certo dia
Estando nós a contemplar o poente
Sentiremos no rosto, de repente
O beijo Leve de uma aragem fria

Tu me olharás silenciosamente
E eu te olharei também, com nostalgia
E partiremos, tontos de poesia
Para as portas da treva aberta em frente.

Ao transpôr as fronteiras do segredo
Eu calma te direi não tenhas medo
E tu tranquilo, me dirás:-Sê forte.

E como dois antigos namorados
Nocturnamente tristes e enlaçados
Nós entraremos nos jardins da morte

Vinicius de Moraes

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