segunda-feira, 28 de junho de 2010

Não basta a beleza que existe na lua

Tela de René F.G. Magritte

Todos têm os seus momentos de êxtase, o seu secreto sentido da morte, qualquer coisa que lhes serve de apoio. Visitei cada um dos meus amigos, tentando com os dedos inseguros abrir os seus pequenos cofres fechados.
Expuz-lhes a minha dor - não, não a dor, mas o sentimento de incompreensível mistério da vida- e pedi-lhes que a examinassem comigo. Alguns procuram os sacerdotes; outros a poesia.
Eu refugio-me junto dos meus amigos, vou procurar o meu próprio coração, busco qualquer coisa intacta entre frases e fragmentos, eu a quem não basta a beleza que existe na lua e nas árvores e para quem o contacto de uma pessoa com outra é tudo, mas que nem sequer isso consigo estabelecer, permanentemente imperfeito, frágil e indizìvelmente solitário.

Virgínia Woolf

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