A vida só é possível
reinventada.
Anda o sol pelas campinas
e passeia a mão dourada
pelas águas, pelas folhas...
Ah! tudo bolhas
que vem de fundas piscinas
de ilusionismo... - mais nada.
Mas a vida, a vida, a vida,
a vida só é possível
reinventada.
Vem a lua, vem, retira
as algemas dos meus braços.
Projeto-me por espaços
cheios da tua Figura.
Tudo mentira! Mentira
da lua, na noite escura.
Não te encontro, não te alcanço...
Só - no tempo equilibrada,
desprendo-me do balanço
que além do tempo me leva.
Só - na treva,
fico: recebida e dada.
Porque a vida, a vida, a vida,
a vida só é possível
reinventada.
Cecília Meireles
2 comentários:
Parabéns pelo blogue maravilhoso! Muito boas, a estética, a escolha das imagens e dos textos. Lindo, este poema de Cecília Meireles. Um abraço, Ilona Bastos
Obrigada pelas amáveis palavras Ilona.
Só divulgo o que gosto, o que me toca, o que me encanta e felizmente é tanta coisa!
Tento divulgar a poesia escrita em português,que é tão rica e é muitas vezes tão mal compreendida.
Li o que escreve e fiquei apaixonada pelos seus poemas.
Peço que me autorize a "postar" alguns deles,agradecendo antecipadamente.
Um abraço.
Maria de Fátima
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