No espelho não é eu, sou mim. Não conheço mim, mas sei quem é eu, sei sim. Eu é cara-metade, mim sou inteira. Quando mim nasceu, eu chorou, chorou. Eu e mim se dividem numa só certeza. Alguém dentro de mim é mais eu do que eu mesma. Eu amo mim. Mim ama eu.By Rita Lee
terça-feira, 30 de junho de 2009
segunda-feira, 29 de junho de 2009
Olhos nos olhos
"É especialmente difícil olhar outro ser humano nos olhos durante muito ou pouco tempo sem ficar apaixonado.
É por essa razão que as pessoas afastam tão rapidamente o olhar umas das outras.
Não se atrevem a olhar os outros nos olhos muito tempo seguido.
O amor que se seguirá pode submergi-las.
No entanto, isto acontece porque não sabem o que fazer com esse amor em que se sentem mergulhadas."
Neale Walsch
“Regresso a Deus”
É por essa razão que as pessoas afastam tão rapidamente o olhar umas das outras.
Não se atrevem a olhar os outros nos olhos muito tempo seguido.
O amor que se seguirá pode submergi-las.
No entanto, isto acontece porque não sabem o que fazer com esse amor em que se sentem mergulhadas."
Neale Walsch
“Regresso a Deus”
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Para pensar
domingo, 28 de junho de 2009
Bazar
Panos flutuantes de todas as cores
às portas do vento, no umbral da tarde.
E olhos negros.
Jardins bordados: roupas, sandálias
como escrínios de seda para alfanges.
E negros olhos.
Molhos de penas de pavão. Colares de nardo
a morrerem do próprio perfume
entre tufos de fios de ouro.
E os delicadíssimos dedos.
Pratos de doces verdes e cor-de-rosa:
pistache, côco, amêndoa, gulab.
Lábios de veludo.
Caixas, bandejas, aguamanil, sineta,
e o mundo do bídri: noite de chumbo e lua.
E olhos negros. E negros olhos.
Pingentes, borlas, ébano e laca,
feltros vermelhos, pulseiras de mica,
filigranas de marfim e ar.
E os dedos delicadíssimos.
Cestos cheios de grãos. Frigideiras enormes.
Grandes colheres. Muita fumaça. Muitos pastéis.
Lábios de veludo.
Corolas de turbantes. Brinquedos. Tapetes.
O homem que cose à máquina, o que lê as Escrituras.
Olhos negros.
Portais encarnados, cor de mostarda, verdes.
Velhos ourives. Ai, Golconda!
E uma voz bordando músicas trêmulas.
Negros olhos.
Bigodes. Balanças. Barros, alumínios.
Muitas bicicletas:
às portas do vento, no umbral da tarde.
E olhos negros.
Jardins bordados: roupas, sandálias
como escrínios de seda para alfanges.
E negros olhos.
Molhos de penas de pavão. Colares de nardo
a morrerem do próprio perfume
entre tufos de fios de ouro.
E os delicadíssimos dedos.
Pratos de doces verdes e cor-de-rosa:
pistache, côco, amêndoa, gulab.
Lábios de veludo.
Caixas, bandejas, aguamanil, sineta,
e o mundo do bídri: noite de chumbo e lua.
E olhos negros. E negros olhos.
Pingentes, borlas, ébano e laca,
feltros vermelhos, pulseiras de mica,
filigranas de marfim e ar.
E os dedos delicadíssimos.
Cestos cheios de grãos. Frigideiras enormes.
Grandes colheres. Muita fumaça. Muitos pastéis.
Lábios de veludo.
Corolas de turbantes. Brinquedos. Tapetes.
O homem que cose à máquina, o que lê as Escrituras.
Olhos negros.
Portais encarnados, cor de mostarda, verdes.
Velhos ourives. Ai, Golconda!
E uma voz bordando músicas trêmulas.
Negros olhos.
Bigodes. Balanças. Barros, alumínios.
Muitas bicicletas:
porém o passo rítmico das mulheres majestosas.
Aroma de fruta, incenso, flor, óleo fervente.
Sedas voando pelo céu.
E os nossos olhos. Os nossos ouvidos. Nossas mãos.
(Objectos banais.)
Cecília Meireles
Aroma de fruta, incenso, flor, óleo fervente.
Sedas voando pelo céu.
E os nossos olhos. Os nossos ouvidos. Nossas mãos.
(Objectos banais.)
Cecília Meireles
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Poesia universal
sábado, 27 de junho de 2009
Encontro
sexta-feira, 26 de junho de 2009
o amor vive-se na mesma...
quinta-feira, 25 de junho de 2009
Um presente...
quarta-feira, 24 de junho de 2009
terça-feira, 23 de junho de 2009
O círculo...
O círculo é a forma eleita
É ovo, é zero.
É ciclo, é ciência.
Nele se inclui todo o mistério
E toda a sapiência.
É o que está feito,
Perfeito e determinado,
É o que principia
No que está acabado.
A viagem que o meu ser empreende
Começa em mim,
E fora de mim,
Ainda a mim se prende.
A senda mais perigosa.
Em nós se consumando,
Passando a existência
Mil círculos concêntricos
Desenhando.
Ana Hatherly
É ovo, é zero.
É ciclo, é ciência.
Nele se inclui todo o mistério
E toda a sapiência.
É o que está feito,
Perfeito e determinado,
É o que principia
No que está acabado.
A viagem que o meu ser empreende
Começa em mim,
E fora de mim,
Ainda a mim se prende.
A senda mais perigosa.
Em nós se consumando,
Passando a existência
Mil círculos concêntricos
Desenhando.
Ana Hatherly
...prova da existência de Deus
Não há separação entre a onda e o oceano. Nenhuma separação. A onda é uma parte do oceano, que age de uma certa maneira. A onda faz o mesmo que o oceano, em menor grau.
Sem o oceano, a onda não tem o poder de ser uma onda.
Algumas ondas são pequenas, mal chegam a ser uma pequena ondulação, enquanto outras são enormes, esmagadoras. No entanto, minúsculas ou monstruosas, há sempre ondas. Não há um só momento em que não haja ondas no oceano. Apesar de cada onda ser diferente das demais, não há uma única que esteja separada do oceano.
A onda rebenta na praia, mas nunca deixa de ser. Limita-se a mudar de forma, recuando para o oceano.
O oceano não se torna "mais pequeno" cada vez que uma onda bate na areia. Na realidade, a onda que regressa ao mar mostra, e portanto revela, a majestade do oceano. Assim, ao recuar para o oceano, restitui o oceano à sua glória.
A presença da onda é uma prova da existência do oceano.
A tua presença é uma prova da existência de Deus.
Neale Walsch
Sem o oceano, a onda não tem o poder de ser uma onda.
Algumas ondas são pequenas, mal chegam a ser uma pequena ondulação, enquanto outras são enormes, esmagadoras. No entanto, minúsculas ou monstruosas, há sempre ondas. Não há um só momento em que não haja ondas no oceano. Apesar de cada onda ser diferente das demais, não há uma única que esteja separada do oceano.
A onda rebenta na praia, mas nunca deixa de ser. Limita-se a mudar de forma, recuando para o oceano.
O oceano não se torna "mais pequeno" cada vez que uma onda bate na areia. Na realidade, a onda que regressa ao mar mostra, e portanto revela, a majestade do oceano. Assim, ao recuar para o oceano, restitui o oceano à sua glória.
A presença da onda é uma prova da existência do oceano.
A tua presença é uma prova da existência de Deus.
Neale Walsch
(Regresso a Deus)
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segunda-feira, 22 de junho de 2009
Tudo muda, tudo parte...
Último poema
Sair do temporal
é ganhar tempo pra coser as velas
é ganhar tempo pra fazer aguada
e aparelhar.
O meu destino certo e tão inquieto
é o destino trémulo e concreto
duma agulha de marear.
Ah, não esperem que eu não espere,
nem acreditem que eu tema
ou que eu possa naufragar…
Numa vela renovada
há insistência pra conter o vento,
há arrogância pra conter o mundo,
há energia pra domar o tempo
e força pra singrar.
Sair do temporal
é ter a nostalgia do combate
que vai recomeçar.
Tomei o gosto às horas de calema
e sou irmão do mar.
Cochat Osório
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domingo, 21 de junho de 2009
Fico ao teu lado.
As palavras estão muito ditas
e o mundo muito pensado.
Fico ao teu lado.
Não me digas que há futuro
nem passado.
Deixa o presente — claro muro
sem coisas escritas.
Deixa o presente. Não fales,
Não me expliques o presente,
pois é tudo demasiado.
Em águas de eternamente,
o cometa dos meus males
afunda, desarvorado.
Fico ao teu lado.
Cecília Meireles
e o mundo muito pensado.
Fico ao teu lado.
Não me digas que há futuro
nem passado.
Deixa o presente — claro muro
sem coisas escritas.
Deixa o presente. Não fales,
Não me expliques o presente,
pois é tudo demasiado.
Em águas de eternamente,
o cometa dos meus males
afunda, desarvorado.
Fico ao teu lado.
Cecília Meireles
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sábado, 20 de junho de 2009
sexta-feira, 19 de junho de 2009
quinta-feira, 18 de junho de 2009
quarta-feira, 17 de junho de 2009
Para ti...
Quem tivesse um amor, nesta noite de lua,
para pensar um belo pensamento
e pousá-lo no vento!...
Quem tivesse um amor - longe, certo e impossível -
para se ver chorando, e gostar de chorar,
e adormecer de lágrimas e luar!
Quem tivesse um amor, e, entre o mar e as estrelas,
partisse por nuvens, dormente e acordado,
levitando apenas, pelo amor levado...
Quem tivesse um amor, sem dúvida nem mácula,
sem antes nem depois: verdade e alegoria...
Ah! Quem tivesse... (Mas quem tem? Quem teria?)
Cecília Meireles
para pensar um belo pensamento
e pousá-lo no vento!...
Quem tivesse um amor - longe, certo e impossível -
para se ver chorando, e gostar de chorar,
e adormecer de lágrimas e luar!
Quem tivesse um amor, e, entre o mar e as estrelas,
partisse por nuvens, dormente e acordado,
levitando apenas, pelo amor levado...
Quem tivesse um amor, sem dúvida nem mácula,
sem antes nem depois: verdade e alegoria...
Ah! Quem tivesse... (Mas quem tem? Quem teria?)
Cecília Meireles
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terça-feira, 16 de junho de 2009
Canção do amanhecer
Ouve
Fecha os olhos, meu amor
É noite ainda
Que silêncio
E nós dois
Na tristeza de depois
A contemplar
O grande céu do adeus
Ah, não existe paz
Quando o adeus existe
E é tão triste
O nosso amor
Oh, vem comigo
Em silêncio
Vem olhar
Esta noite amanhecer
Iluminar
Aos nossos passos tão sozinhos
Todos os caminhos
Todos os carinhos
Vinicius de Moraes
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quinta-feira, 11 de junho de 2009
quarta-feira, 10 de junho de 2009
terça-feira, 9 de junho de 2009
Casulo
Viver em silêncio. Doce silêncio.
Ruído nenhum. Nem luz, nem sombra.
Só a brisa do tempo.
Olhos fechados, assim como o corpo.
Silêncio sem movimento.
Sem fome, sem sede. Sem ninguém que abale meu terno silêncio.
Doce silêncio, doce sono, só sonhos...
Sonhos de um sono só.
Sozinha em minha cama, eu: pós lagarta, pré borboleta
Pam Orbacam
Ruído nenhum. Nem luz, nem sombra.
Só a brisa do tempo.
Olhos fechados, assim como o corpo.
Silêncio sem movimento.
Sem fome, sem sede. Sem ninguém que abale meu terno silêncio.
Doce silêncio, doce sono, só sonhos...
Sonhos de um sono só.
Sozinha em minha cama, eu: pós lagarta, pré borboleta
Pam Orbacam
Às vezes
Às vezes julgo ver nos meus olhos
a promessa de outros seres
que eu podia ter sido
se a vida tivesse sido outra.
Mas dessa fabulosa descoberta
só tem vindo o terror e a mágoa
de me sentir sem forma, vaga e incerta
como a água
a promessa de outros seres
que eu podia ter sido
se a vida tivesse sido outra.
Mas dessa fabulosa descoberta
só tem vindo o terror e a mágoa
de me sentir sem forma, vaga e incerta
como a água
Sophia de Mello Breyner Andresen
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Sophia de Mello Breyner Andresen
sexta-feira, 5 de junho de 2009
quinta-feira, 4 de junho de 2009
Derradeira primavera
Põe a mão na minha mão
Só nos resta uma canção
Vamos, volta, o mais é dor
Ouve só uma vez mais
A última vez, a última voz
A voz de um trovador
Fecha os olhos devagar
Vem e chora comigo
O tempo que o amor não nos deu
Toda a infinita espera
O que não foi só teu e meu
Nessa derradeira primavera
Só nos resta uma canção
Vamos, volta, o mais é dor
Ouve só uma vez mais
A última vez, a última voz
A voz de um trovador
Fecha os olhos devagar
Vem e chora comigo
O tempo que o amor não nos deu
Toda a infinita espera
O que não foi só teu e meu
Nessa derradeira primavera
Vinicius de Moraes
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Vinicius de Moraes
quarta-feira, 3 de junho de 2009
Timidez
Basta-me um pequeno gesto,
feito de longe e de leve,
para que venhas comigo
e eu para sempre te leve...
— mas só esse eu não farei.
Uma palavra caída
das montanhas dos instantes
desmancha todos os mares
e une as terras mais distantes...
— palavra que não direi.
Para que tu me adivinhes,
entre os ventos taciturnos,
apago meus pensamentos,
ponho vestidos nocturnos,
— que amargamente inventei.
E, enquanto não me descobres,
os mundos vão navegando
nos ares certos do tempo,
até não se sabe quando...
— e um dia me acabarei.
Cecília Meireles
feito de longe e de leve,
para que venhas comigo
e eu para sempre te leve...
— mas só esse eu não farei.
Uma palavra caída
das montanhas dos instantes
desmancha todos os mares
e une as terras mais distantes...
— palavra que não direi.
Para que tu me adivinhes,
entre os ventos taciturnos,
apago meus pensamentos,
ponho vestidos nocturnos,
— que amargamente inventei.
E, enquanto não me descobres,
os mundos vão navegando
nos ares certos do tempo,
até não se sabe quando...
— e um dia me acabarei.
Cecília Meireles
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terça-feira, 2 de junho de 2009
segunda-feira, 1 de junho de 2009
Minha alma tem...
Minha alma tem o peso da luz.
Tem o peso da música.
Tem o peso da palavra nunca dita, prestes quem sabe, a ser dita.
Tem o peso de uma lembrança.
Tem o peso de uma saudade.
Tem o peso de um olhar.
Pesa como pesa uma ausência.
E a lágrima que não se chorou.
Tem o imaterial peso da solidão no meio de outros.
Tem o peso da música.
Tem o peso da palavra nunca dita, prestes quem sabe, a ser dita.
Tem o peso de uma lembrança.
Tem o peso de uma saudade.
Tem o peso de um olhar.
Pesa como pesa uma ausência.
E a lágrima que não se chorou.
Tem o imaterial peso da solidão no meio de outros.
Clarice Lispector
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