sábado, 7 de março de 2009

Apelo


Na outra margem do rio,
(e eu vejo-a!)
há campos verdes de esperança,
abandonadas ao calor de um sol eterno...
Na outra margem do rio,
onde não chega o inverno,
há campos ondulantes de searas maduras,
para os pobres matarem nelas
todas as fomes do mundo...
Na outra margem,
tudo se começa de novo
e não há dias passados
que amargurem os desgraçados...
Não há dinheiro,
e os homens dão-se as mãos
que pelo dia inteiro
ouvi as canções que os seus lábios entoaram...

………

E entre mim, e a outra margem,
esta terrível viagem.
Este rio caudaloso, imundo,
sujo de todos os calhaus,
que nele vomitou o mundo...
Entre mim e a outra margem,
o rio...

Ah! barqueiro
porque tardas?...
Não vês como faz frio?

Espero mas desfaleço...
Não tardes mais barqueiro
não tardes!...
Que é tão longe ainda
a outra margem do rio...

Alda Lara

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