quarta-feira, 10 de julho de 2013

segunda-feira, 13 de maio de 2013

segunda-feira, 11 de março de 2013

NÃO BASTA ABRIR A JANELA

Foto: ALBERTO CAEIRO (FERNANDO PESSOA), in POEMAS INCONJUNTOS / POEMAS DE ALBERTO CAEIRO (Ática, Lisboa, 1496; 10ª edição, 1993)

NÃO BASTA ABRIR A JANELA

Não basta abrir a janela 
Para ver os campos e o rio. 
Não é bastante não ser cego 
Para ver as árvores e as flores. 
É preciso também não ter filosofia nenhuma. 
Com filosofia não há árvores: há ideias apenas. 
Há só cada um de nós, como uma cave. 
Há só uma janela fechada, e todo o mundo lá fora; 
E um sonho do que se poderia ver se a janela se abrisse, 
Que nunca é o que se vê quando se abre a janela. 


*

Fotografia: Afternoon Beach, de Dana Admunds

*


(CC)

Não basta abrir a janela
Para ver os campos e o rio.
... Não é bastante não ser cego
Para ver as árvores e as flores.
É preciso também não ter filosofia nenhuma.
Com filosofia não há árvores: há ideias apenas.
Há só cada um de nós, como uma cave.
Há só uma janela fechada, e todo o mundo lá fora;
E um sonho do que se poderia ver se a janela se abrisse,
Que nunca é o que se vê quando se abre a janela.

Alberto Caeiro